O planeta estava pedindo a gritos que parássemos.
Madrid estava a cada dois por três com restrição no trânsito por conta da poluição. Cada um de nós pensávamos em voz alta: não posso parar!
Então, como num filme onde a realidade supera a ficção, o inimigo invisível da população mundial, o tal Coronavírus, apareceu e, opa, todos paramos!
Estamos escondidinhos dentro de casa, só podemos sair para as compras essenciais: alimentação e medicamentos. As ruas estão desertas, os bares, restaurantes, cines, teatros, centros comeciais, tudo está fechado. Madrid fica em casa!
Mesmo não entrando nas cifras escalofriantes de contágios e mortes, é desgarrador, rasga o coração!
Eu parei, tu paraste, ele parou, nós paramos. Só não parou o aplauso diario das 20h a todos os guerreiros que estão à frente da batalha sem armas nem equipamento adequado, deixando literalmente a pele, família e tudo o que é seu para levar um sopro de alívio aos que estão doentes.

Um dos melhores sistemas de saúde do mundo expõe aos seus profissionais sem a proteção adequada diante do inimigo invisível, obrigando a escolher quem “merece” o respirador artificial, ou seja, escolhendo quem vive e quem não… É o protocolo perante a falta de material…
A festa parou em Madrid, mas a solidariedade arregaçou as mangas, empresas e particulares estão confeccionado máscaras e vestimentas para os profissionais da saúde.
Milhões e milhöes de euros estão sendo doados para a luta contra o inimigo invisível.
Eu fico em casa, tu ficas em casa, nós ficamos em casa por todos aqueles que amamos. Agora temos tempo para conversar com o marido, com os filhos, com os vizinhos.
A tecnologia nos aproxima, nos permite ver a pessoa que está do outro lado da telinha, mas não dá o calor do abraço.
Tchau, março de 2020! Bem-vindo abril e que “tus aguas mil” lave o nosso rosto e as nossas penas, afogando ao inimigo invisível para sempre.

Professora de Português e Membro da Atividades Brasileiras em Madrid
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